A Universidade do Algarve (UAlg) tem uma nova atração. No campus de Gambelas está agora instalada uma peça escultórica do Artista Bordalo II, que reinterpreta o icónico cavalo-marinho, um ex-líbris da Ria Formosa.
A obra inclui-se na série “Neutral”, na qual o artista “utiliza materiais descartados como matéria-prima, numa base de madeira texturada reaproveitada”, segundo informação divulgada pela UAlg .
“À assemblage são acrescentadas camadas de tinta, algumas esfumadas, pinceladas, escorrimentos e salpicos até conseguir a expressividade do animal representado e as suas cores naturais. O objetivo é, como habitualmente na obra do artista, gerar representações dos animais quase de forma a camuflar o que os destrói e criar uma imagem mais realista”, de acordo com a mesma fonte.
No passado dia 9 de abril, foi inaugurada, não só esta peça, como o cavalo-marinho da Câmara Municipal de Faro. Este outro foi construído no depósito de água do Parque de Campismo da Praia de Faro, e inclui-se na série “Big Trash Animals”, que “visa chamar a atenção para a poluição através de obras criadas a partir de lixo recolhido nas ruas”.
Ambas as obras têm como objetivo a consciencialização para a preservação desta espécie marinha, e resultam de uma parceria entre a Câmara Municipal de Faro e a Universidade do Algarve.
Nesta última, mais concretamente no Centro de Ciências do Mar (CCMAR), Grupo de Hidroecologia e Biologia Pesqueira tem vindo a ser desenvolvido o projeto HIPPOSAVE, que visa constituir um plano de ação para a recuperação e conservação dos cavalos- marinhos da Ria Formosa.
De acordo com Jorge Palma, investigador responsável pelo projeto HIPPOSAVE, é ali que se encontra “a maior comunidade de cavalos-marinhos da Europa”.
A iniciativa científica pretende por isso “avaliar o estado atual das populações de cavalos marinhos, criar zonas de santuário e zonas de proteção, implementar estruturas artificiais como medida de enriquecimento dos habitats degradados e ainda produzir cavalos marinhos em cativeiro para repovoamento em áreas protegidas”, segundo a UAlg.
Em causa estão as ameaças a que estes animais estão sujeitos, nomeadamente em ações de apanha ilegal para exportação no mercado asiático, pesca acidental, alterações climáticas e degradação do habitat. Fatores que têm contribuído para que a população de cavalos marinhos tenha vindo a diminuir.
Para Paulo Águas, reitor da UAlg, “não basta só investigar, temos de saber comunicar e é através destas ações que conseguimos sensibilizar o público em geral, incluindo os nossos estudantes”, motivo pelo qual considera importantes as ações de sensibilização da população.