Bolsa FCT atribuída a estudante de doutoramento, no âmbito de um projecto de desenvolvimento de uma vacina para a COVID-19

4 Setembro, 2020

Dalinda Eusébio, aluna de doutoramento em Biomedicina da Universidade da Beira Interior (UBI), Dalinda Eusébio, “está a trabalhar no desenvolvimento de uma nanovacina preventiva e terapêutica contra a doença COVID-19”, no Centro de Investigação em Ciências da Saúde (CICS-UBI). Foi com este projecto, “Mannosylated minicircle DNA nanovaccine against COVID-19”, que recebeu uma bolsa de investigação, na sequência do concurso DOCTORATES 4 COVID-19 da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). De entre os candidatos, a investigadora ficou em terceiro lugar.

O projecto, que se insere na área de investigação do grupo Biofármacos e Biomateriais (BB) do CICS-UBI, encontra-se sob orientação científica das investigadoras Ângela Sousa e Diana Costa, ambas do CICS-UBI, e do Professor Zhengrong Cui, da Universidade do Texas em Austin (UT
Austin, EUA).

No seu decurso, “serão explorados processos biotecnológicos para a obtenção de um vetor de DNA inovador, o DNA minicircular (mcDNA), que vai codificar as proteínas antigénicas “Spike” e “Nucleocapsid” do coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV-2). As vacinas de DNA são mais seguras e eficientes, por transportarem somente a informação genética do antígeno, mais estáveis e fáceis de produzir do que as vacinas convencionais”, lê-se na notícia “Aluna de Doutoramento recebe bolsa da FCT para desenvolver vacina para a COVID-19” publicada pela UBI.

“Também serão explorados diferentes biomateriais funcionalizados com ligandos de manose, para formular nanosistemas adequados que possam proteger, transportar e entregar o vetor de mcDNA de forma específica às células apresentadoras de antigénios (APCs), que sobre- expressam recetores de manose à superfície. A entrega direcionada às APCs é um desafio importante deste projeto pois tem como finalidade garantir uma apresentação adequada dos respetivos antigénios e consequentemente uma forte ativação das respostas imunes humoral e celular, que serão responsáveis por prevenir a infeção ou eliminar o vírus caso o paciente já se encontre infetado. Esta tarefa conta com a colaboração da professora Helena Florindo (Universidade de Lisboa, Portugal) e da Professora Swati Biswas (Hyderabad, Índia).

O nanosistema que revelar melhores resultados será convertido em pó seco, sob orientação do professor Zhengrong Cui, aplicando uma tecnologia desenvolvida pelo seu grupo de investigação em UT Austin.

Por fim, serão realizados estudos de imunização em ratos, através da nebulização do pó seco diretamente na cavidade nasal, para avaliar a capacidade desta nanovacina induzir as respostas imunes pretendidas contra as proteínas antigénicas do SARS-CoV-2. Espera-se que este tipo de administração aumente a eficiência da vacina uma vez que a cavidade nasal é a via de entrada primária do vírus. Além disso, a conversão da vacina em pó seco irá fornecer uma modalidade de vacinação mais atrativa, reduzindo o risco biológico, a dor e o stress causado pelo uso de agulhas, e obter uma formulação mais estável que vai dispensar a necessidade de refrigeração durante a sua distribuição e armazenamento, que pode chegar a inflacionar até 80% do custo da vacinação”, continua.

A Jéssica Nunes, investigadora da UBI, foi também atribuída uma bolsa da FCT, destinada ao seu projecto “REACTing: G-quadruplex REcognition by SARS-CoV-2 SUD proTein during infection”, que tem orientação de Carla Cruz (CICS-UBI) e Sara Richter, do Departamento Molecular Medicine, University of Padua (Itália).

Texto de Raquel Rodrigues